Fevereiro 17, 2017
LOCALIZAÇÃO
Concelho de Vila Nova de Cerveira, Viana do Castelo.
A sua acessibilidade é pela porta principal do Castelo de Cerveira, com as seguintes coordenadas de Gauss: M-149.2; P-552.5.
ENQUADRAMENTO
A Igreja da Misericórdia de Vila Nova de Cerveira, encontra-se no interior da malha urbana do castelo de Cerveira, junto ao Pelourinho e à antiga casa da Câmara, tendo a fachada Norte assente em plataforma sustentada pela muralha.
DESCRIÇÃO
A Igreja de planta transversal, composta de nave única, capela-mor e capela de cabeceira, retangulares, adossados em eixo e capela lateral retangular, sacristia e sala anexa, poligonais, e alpendre subcircular, adossados a N..
Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas e uma água. Alçados percorridos por embalsamento avançado e por cornija saliente, com pilastras nos cunhais sobrepujados por urna e cruz sobre acrotério no remate das empenas.
O corpo da sacristia não apresenta embalsamento nem cornija.
Fachada principal a S., com dois panos, o da nave onde se abre o portal principal ladeado por porta de perfil abatido e encimado por três janelões de verga abatida, e o da capela-mor, com janelão de verga abatida, ladeada por sineira de uma ventana de arco pleno e remate em empena contracurvada. Portal principal enquadrado por pilastras toscanas suportando frontão curvo interrompido por coroa real fechada sobre escudo da Casa Real, rematado lateralmente por urnas. Fachada E. com porta e janela rectangulares. Fachada N. com porta e janela rectangulares, sob alpendre assente em estrutura de ferro e pilares pétreos. Fachada O. Adossada a habitação, com janelão trifoliado. Interior rebocado e caiado com sanefas de talha branca e dourada encimando os vãos. Coro-alto sobre arco abatido e fecho decorado, com balaústres de madeira sobre cornija saliente, tendo no subcoro duas portas retangulares, de acesso ao exterior e à sacristia, e pia batismal inserta em vão de verga curva.
No lado do Evangelho, púlpito de base quadrangular sobre mísula e guarda em talha e capela lateral sobrelevada com acesso por três degraus, com arco de volta perfeita, paredes com pinturas decorativas e altar de talha. Pavimento em taburnos de madeira entre guias de pedra e teto de madeira em falsa abóboda de berço pintada, assente em cornija. Arco triunfal em arco de volta perfeita, sobreposto por sanefa de talha dourada, ladeado por dois altares de talha branca e dourada postos de ângulo. Capela-mor, rebocada e pintada, e com pavimento lajeado, com janelão de verga curva, à direita, e no oposto porta de acesso à sala anexa. Altar-mor em talha, sobrelevado, com quatro degraus de acesso, com retábulo de talha, tela central figurando “Visitação” e teto de madeira, de perfil curvo, sobre cornija, pintado com medalhões com os quatro Evangelistas enquadrando um central com a Santíssima Trindade.
TIPOLOGIA
Arquitetura religiosa, neoclássica. Igreja da Misericórdia neoclássica de planta transversal e nave única, fachada principal a S., tendo portal enquadrado por pilastras com frontão curvo interrompido, ostentando no interior retábulos em talha branca e dourada e decoração neoclássica.
CONSTRUÇÃO
Não consta do arquivo da Santa Casa da Misericórdia a data precisa da sua fundação; melhor: a data precisa em que a antiquíssima Albergaria de santa Maria de Roca-Amador ( a Provisão Régia de D. Afonso V, de 21 de Fevereiro de 1474 refere-se-lhe) ressurgiu com o nome ainda hoje usado de Santa Casa da Misericórdia. Sabe-se, porém, que data dos fins do século XVI. O Livro de Receitas e Despesas começa em 1605, sendo Provedor João de Caldas da Costa e Escrivão José Barbosa, faltando o primeiro caderno que devia ter princípio em 1595, pois cada um destes cadernos contém contas de dez anos. José Luís Vieira de Sá teve a seu cargo o entalhamento do oratório do Senhor Ecce-Homo, e Filipe de Cerveira a pintura do retábulo-mor.
CRONOLOGIA
Séc. XVI – Fundação da Santa Casa da Misericórdia;
1590 – Filipe de Cerveira, morador na Vila de Caminha e ativo em Braga e na região de Tuy, cuja mostra figuras de anómalo alteamento, cromatismo em mancha, e pesquisas «cubizantes» dos longos tecidos, pintou as tábuas do retábulo-mor da igreja, de que subsistem atualmente na sacristia as pinturas do Encontro de Sant’Ana e São Joaquim na Porta Dourada, do Calvário e do Profeta Jeremias;
1621 – Colocação de um altar na casa contígua à Casa da Câmara, com abertura de nicho para albergar a imagem do Senhor Ecce-Homo;
1627 – Requerimento ao Arcebispo para nos dois nichos da antiga Igreja se fazerem altares:
Transcrição.
“Illustrissimo Senhor. = Disem o Provedor, e mais Irmãos da santa casa da Misericórdia de Villa Nova de Cerveira, que por qunto na dita Casa não havia mais que hum altar mor em que se dicesse Missa, se fiserão dous nichos com seos altares nas costãos colateraes, no quaes se poserão dous Christos no nicho da parede do Evangelho Christo cruxificado, e no da Epistola o Ecce Homo os quaes nichos estão mui decentemente ornados com seos retábulos dourados, suas comedices azuis, e seos frontaes tudo com muita perfeição de curiosidade. E por que na dita Casa se offerece haver officios de defuntos, e outros ajuntamentos de Sacerdotes, então hé possível diserem se as Missas todas no altar que há por ser hum só.= Pelo que pedem a Nossa Illustrissima que visto a necessidade que tem de se diser Missa nos dous altares, e a devoção que há em muitos devotos que nelles querem mandar diser suas Missas, e estarem os altares ornandos com todo o preremento necessário lhe dê licença com que livremente se possa diser Missa neles no que fará Vossa Illustrissima serviço a Deos, e a elles. = Meru= Informe o Vigario Geral da Camara com seu parecer por carta fechada.= Vianna em dous de Setembro de seiscentos vinte e sete = Primaz. =
Vista a informação que do cazo houvesse e como nos constou estarem os altares colateraes da caza da Santa Casa da Misericordia de Villa Nova de Cerveira decentemente ornados, passe provisão em forma para se poder diser Missa nelles, e fasemos à dita casa da Misericordia esmolla de lhe quitar o direito da nossa Chancelaria. Vianna oito de Dezembro de seiscentos e vinte, e sete = Primaz.=
Don Affonso Furtado de Mendonça por meçe de Deos, e da Santa Sé Apostolica Arcebispo, e senhor de Braga, e Primaz das Hespanhas, do Conselho de Sua Majestade, et cetra, Pela presente havendo respeito ao que o Provedor, e mais irmãos da santa Casa da Misericordia de Villa Nova de Cerveira dizem na sua petição atrás escripta na outra pagina, e à informação que do caso tivemos: havemos por bem de conseder licença, como concedemos para que se possa dizer Missa nos altares contheudos na dita petição, dada em Vianna sob nosso sinal, e sello aos quinze dias do mez de Dezembro da era de mil, e seis centos vinte, e cinco annos. Thomazo Saraiva, Escrivão do Ecclesiastico, e resíduos da Comarca de Valença afez de nosso especial mandado. = Arcebispo Primaz = Lugar do sello = Passe Oliveira = Ao sello esmola. = Ao Escrivão oitenta reis. = certifico se o Padre Francisco Fernandes Fiuza, Capelão da Casa da Santa Misericordia de Villa Nova de Cerveira, que os dous nichos, e altares que de novo se fizerão na dita casa istão mui sufficientemente ornados, e compostos para nelles se poder dizer Missa. E por esta me ser pedida daparte do Provedor, e mais Irmãos a passei na verdade, o que tudo afirmo em verbo sacerdotis. Hoje vinte, e nove de Agosto de seis centos, e vinte, e cinco annos. O padre Francisco Fernensdes Fiuza. =
Disem o Provedor e mais Irmãos da Meza da Santa Casa da Misericórdia de Villa Nova de Cerveira, Comarca de Valença e Arcebispado de Braga Primaz, que sendo a Igreja da Misericordia muito pequena sem que nella se possam fazer as funções sagradas, afizerão de novo, acrescentando-a, e como agora se lhe acrescentou tribuna nova, a altar mor percizão licença para nelle celebrar, efazer as demais funções sagradas, pois que a Igreja, e altares colateraes já se achão benzidos, como se mostra da Provisão junta; razão por que Pede a Vossa Excellencia Reverendissima se digne conceder lhe licença para se poder celebrar nodito altar mor por se achar decente. E receberá mercê. = Passe (Procurador) Provisão para o Reverendo Parocho. = Braga quinze de Julho de mil oitocentos e vinte. = Firma do Arcebispo. =
Séc. XVII, meados – Construção da sacristia;
1658 – Demolição da sacristia e sala anexa, para a instalação na muralha próxima uma bateria;
1736 – A Misericórdia tem título de indulgências, concedido pelo Papa Clemente XII.
1758 – O Dicionário Geográfico de Portugal (manuscrito de 1758), Vol. 40, n.º 237, pág. 1422 diz o seguinte:
“Dentro dos Muros do Castello desta Villa está situada a casa da Misericordia, que terá duzentos mil reis de renda pouco mais, ou menos, e se ignora qual fosse o seu principio pela sua muita antiguidade. Tem a mesma santa casa da Misericordia huma imagem do senhor Ecce homo, que há muitos annos a esta parte está fazendo muitos milagres, aonde concorre muita gente não só deste Reino, mas do da Galiza todo o anno, especialmente na véspera e dia do Corpus Christi, quinze de Agosto vinte e três do mesmo mês e oito de Setembro, e tem caza de despacho muito boa, e também casa onde se recolhem de pobres passageiros”.
1772 – Remodelação da capela do Senhor Ecce-Homo, desejando, porém, construir uma igreja;
1790 – A concessão para a visitação da Igreja da Misericórdia
Transcrição.
“ O Dr.or Pedro de Barros Pereira Dez.or Provisor nesta Corte, e Cidade de Braga, e seu Arcebispado por Sua Senhoria o Il.mo Cabbido, Sede vacante Primaz das Hespanhas. Faço saber que Sua santidade o Santissimo Padre Pio sexto ora Presidente da Igreja de Deos me foi aprezentado hu seu Breve, pelo qual foi servido conceder a todos os fiéis Christaons dehum, eoutro sexo que verdadeiramente penitentes, e confessados, e refeitos com a Sagrada comunhão visitarem a Igreja da Misericórdia debaixo do título do Senhor Ecco Homo da dita freguesia no dia do Jubileo da Quarenta Horas continuadas, e não interpoladas senão no tempo da noute instituído huma vez no anno, e ahi por algum tempo devotamente rezarem pela concórdia entre os princepes Christaons, extirpação das herezias, Exaltação da Santa madre Igreja, alcancem Indulgência Plenaria, e remissão de todos os seus pecados, cuja Indulgencia foi servido conceder perpetuamente, e porque se me requereo apublicação da presente Indulgencia, mandei passar este a que dou, e interponhominha authorid.e Ordinaria, e Decreto Judicial. Dado em Braga sob meu Signal, e Sello desta Corte aos seis dias do mez de Fevereiro de 1790. E eu José da Rocha Couto Escrivão da Camera Ecclez.a e adm.or de Vallença o fez escrever.= Barros Pereira.= Edital de publicação da Indulgencia das Quarenta horas p.a a Igreja de S. Cyprianno de Villa Nova de Cerveira.”
Para V. N. C.ver.a”
1811 – Foi neste ano exarado o contrato para a edificação da igreja;
1814 – Início da remodelação e construção da igreja, com dois altares, estes benzidos a 8 de Setembro de 1814, pelo Encomendado Manuel Luís de Lemos.
1820 – Só foi possível a conclusão nesta data, devido às Invasões Francesas;
1820 – O retábulo-mor desta Igreja, foi benzido pelo Abade Manuel António da Costa, em 9 de Setembro de 1820, pároco na Igreja de S. Cipriano de Vila Nova de Cerveira, conforme o registo exarado no respetivo livro da Santa Casa da Misericórdia:
Transcrição.
“Disem o Provedor e mais Irmãos da Meza da Santa Casa da Misericórdia de Villa Nova de Cerveira, Comarca de Valença e Arcebispado de Braga Primaz, que sendo a Igreja da Misericordia muito pequena sem que nella se possam fazer as funções sagradas, afizerão de novo, acrescentando-a, e como agora se lhe acrescentou tribuna nova, a altar mor percizão licença para nelle celebrar, efazer as demais funções sagradas, pois que a Igreja, e altares colateraes já se achão benzidos, como se mostra da Provisão junta; razão por que Pede a Vossa Excellencia Reverendissima se digne conceder lhe licença para se poder celebrar nodito altar mor por se achar decente. E receberá mercê. = Passe (Procurador) Provisão para o Reverendo Parocho. = Braga quinze de Julho de mil oitocentos e vinte. = Firma do Arcebispo. =
Don Frei Miguel da madre de Deos, e da santa Sé Apostolica Arcebispo, e Senhor de Braga Primaz da Hespanhas, et cetra. Attendendo ao que na supllica retro Nos representarão o Provedor, e mais Irmãos da Mesa da Santa Casada Misericordia de Villa Nova de Cerveira Comarca de Valença deste Arcebispado, o que tudo visto, e o mais que concideramos: Havemos por bem conceder licença ao Reverendo Parocho da freguesia de São Cyprianno da mesma Villa para que na forma do Ritual Romano possa benzer a capella, e altar de que apetição retro faz menção para que depois de bento nelle se possa celebrar o Santo Sacrificio da Missa, e mais officios divinos visto nos constar se acha decente, e ter para isso os paramentos necessários. E para assim constar Mandamos passar apresente que depois de ser por Nos assignada será registada no Registo Geral desta Corte sem o que não valha. Dada em Braga sob nosso sgnal, e sello de Nossas Armas aos desoito de Julho de mil oito centos, e vinte, e eu José Ignacio Pereira, Escrivão da Camara Ecclesiastica, e Administração de Valença a escrevi. = Frei Miguel Arcebispo Primaz = Lugar do sello d’armas = Ao sello Chancellaria = pagou hum marco de prata, cem reis = Cirne = Ao registo. = grátis = Duta sessenta = Visto sessenta = Leite Pereira = Ao resgisto geral seu regimento. = Provisão e bênção de Vossa Excellencia Reverendissima ver. =
Manuel Antonio da Costa Abbade desta Parochial Igreja de São Cyprianno de Villa Nova de Cerveira = Attesto que em comprimento do despacho e Provisão retro, benzi o altar mor de que apetição retro faz menção o que sendo necessário juro in sacris. Villa Nova de Cerveira nove de Setembro de mil oito centos, e vinte. O abbade Manuel Antonio da Costa.”
1823 – No caderno apenso ao Livro de Acordãos, de 1787, e com a data de 15 de Outubro de 1823, encontramos a ata com a memória descritiva e resumo do contrato celebrado com o entalhador José Luís Vieira de Sá, da freguesia de S. Gens de Calvos, concelho de Póvoa de Lanhoso:
Transcrição:
“Para a obra de altura trinta palmos, da de Largura de parede a parede com a deferença de lebar três bancos para se poder fazer Expozição feitos com os ornatos competentes, e Lebara mais no Simo da Tribuna hum Oratorio feito com toda a perfeição e o milhor que possa ser para meter nelle a sagrada Imagem adonde ficará sitio prompto para se poder fazer a Expozição, e por a costodia; o forro de sima será forrado em corpos devedindo-se cada hum delles em painéis Libros e virão afixar no meio do teto adonde fingirá huma espece de clara bóia.”
Transcrevemos ainda o contrato:
“ajustou a dita Obra na forma do risco, e apontamentos asima por preço de Dozentos mil reis, em Metal, e dar a mesma obra no fim de Agosto futuro acabada ficando toda a madeira da Obra Velha para o Mestre a Exeção (excepção) do Altar banqurta, e Sacrario e Oratorio do Senhor Ecce homo para a Caza ou a Meza despor delle como quizer. E declarou o dito Mestre que lhe darão algum dinheiro á porpoção da Obra que foce fazendo.!”
1824 – Construção do oratório para a imagem do Senhor Ecce-Homo;
1824 – Com data de 9 de Agosto de 1824, e assinado pelo Provedor António Dias de Amorim, no Livro dos Acordãos de 1787, na fl. Do caderno apenso, refere o seguinte:
“ por estar a obra com toda a perfeição, e meter lhe diverça talha diferente do que estava em risco, e estar a mesma obra de boa madeira e sigura.” Foi feito um pagamento parcial contratado – 48$000. A 18 de Novembro de 1824, a Mesa acordou pagar, além do contrato, mais 20$000 porque, tendo o risco da obra somente duas colunas, o mestre entalhador sugeriu que levasse quatro porque, “ficaria a mesma obra mais perfeita”
Sem a pintura, portanto, a talha do altar do Senhor Ecce-Homo custou duzentos e vinte mil reis.
1827 – Quanto ao douramento sabemos apenas que, a 13 de Maio de 1827,
“atendendo a ficar alguma couza pobre a obra de pintura (…) por lebar pouco oiro (…), se dourassem mais todas as faixas dos vanssos da Tribuna, e de debaixo do Sacrario, huma da urna e todas as mais dos Padastrais pois q. assim ficava a obra mais rica, e aseada, e profeita no seu todo; e como tem comfiança nos Mestres Pintores q. estão fazendo julgavão mais comveniente, q. elles ditos Pintores fizessem este acréscimo pagando-lhe o ouro, e dias do seu trabalho”.
Não foi possível saber o valor destas despesas, que não constam nos livros de registo da Santa Casa, no entanto em 1837, fl. 6, encontramos transcrito o seguinte:
“Despende-o com o mestre pintor, que retocou a pintura da capella do Snr. Ecce Homo, 28$800”.
1838 – O Administrador Geral do Distrito de Viana do Castelo, afirma que a maioria das Misericórdias estavam muito mal administradas, o que originava a perda de muitas dívidas e foros, em resultado do desleixo e pouco zelo das Misericórdias;
1839 – O Administrador envia um comissário contabilista para reformar toda a sua escrituração e examinar os erros de liquidação e desleixo;
1863 – A Misericórdia e hospital tinham 19.718$900 reis de fundos, sendo 1.386$700 em domínios directos, 2.810$200 em prédios rústicos e urbanos, 13.422$000 em capitais mutuados, 500$000 em papeis de crédito e 1.600$000 em alfaias, jóias e móveis; tinha 763$535 reais em receitas ordinárias, sendo 33$500 em géneros, 43$935 em dinheiro, 671$100 em juros de capitais mutuados e 15$000 em juros de papeis de crédito; e tinha ainda como despesas obrigatórias 586$800 reis, sendo 226$000 em encargos pios e 360$000 em encargos profanos.
ELEMENTOS ANTIGOS DE INTERESSE
O portal com frontão curvo interrompido, incorporando coroa real fechada sobre as armas nacionais; a imagem seiscentista do Senhor Ecce-Homo; três tábuas do antigo retábulo quinhentista, uma representando o Encontro (Visitação) de Sant’Ana e São Joaquim apresentando a inovação iconográfica da inclusão da figura de uma criada preta à direita dos Pais da Virgem, abraçados; uma tábua com a imagem de Cristo Crucificado e ainda uma com a figura de S. Jeremias. Uma tela com as armas da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Cerveira; Um lavabo de caixilho quadrangular moldurado enquadrando motivo concheado, rematado por cruz latina sobre acrotério; um armário quadrangular rematado por motivo decorativo espiralado sobrepujado por pinha; uma imagem seiscentista de Nossa Senhora do Leite, em pedra Ançã, foi retirada da Igreja e guardada nas instalações da Santa Casa da Misericórdia.
Não esqueçamos as imagens de Santa Helena e Santa Quitéria, (Existe uma imagem de Santa Quitéria na capela de S. Sebastião em Vila Nova de Cerveira), ambas lateralizando o Altar do Sr. Ecce-Homo.
Nos altares colaterais, podemos apreciar com devoção N. Sr.ª das Dores à direita e N. Sr.ª da Soledade à esquerda.
E ainda dois Serafins.
INSCULTURAS
Existem duas pedras de granito tosco epigrafadas:
Uma no lajeamento de piso da capela lateral com a seguinte inscrição: SA DESEB…
Uma outra na escadaria de acesso à torre sineira: CASTRO/ PRĂ 1598. Com a epigrafia heráldica dos Castros e Pereiras.
Descoberto à bem pouco tempo, mais duas pedras também epigrafadas, de difícil leitura, ao fundo do altar principal do lado esquerdo.
Esta Igreja serviu e tem servido para actos religiosos: missas dominicais; casamentos e baptizados.