Fevereiro 17, 2017
Não existe nem se encontram até hoje, sendo esta a realidade, provas inequívocas quanto à data da fundação da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Cerveira, mas o fato é que, poderemos referir, sobre ela, duas datas de elevada importância.
A primeira, 1474, diz respeito à existência de um hospital, já que em 21 de Fevereiro desse ano, a pedido do concelho e homens da vila, D. Afonso V, autorizou por Provisão que o dito hospital “por ser muito pobre e falecido das coisas necessárias” pudesse aceitar uma doação que lhe desejava fazer o Abade de Mangoeiro (lugar da freguesia de Gondarém) Álvaro Dias.
A escritura de tal aceitação foi lavrada então a 7 de Outubro de 1477, no Mosteiro de Santa Maria de Loivo.
No que respeita à fundação da Santa Casa da Misericórdia, podemos situá-la por volta do último lustro do século XVI, talvez em 1595, avaliando pela existência de um caderno apenso ao “Livro de Acórdãos” de 1787.
Falar da história da Santa Casa da Misericórdia de Via Nova de Cerveira, é falar de iniciativas sociais, humanizantes e seculares. Começamos por envolver as grandes peregrinações a Santiago de Compostela, que apesar de pouco divulgadas e conhecidas, havia quem realizasse essas peregrinações pelo Rio Minho e designadamente pelas barcaças do Cais de Vila Nova de Cerveira, até Espanha/Galiza e aí os peregrinos eram acolhidos, nos exíguos hospitais (quase de campanha) com os recursos possíveis da época, em zona limítrofe ao Castelo ou fortaleza de Vila Nova de Cerveira.
José Leal Diogo sublinha que a igreja da Misericórdia é dedicada ao Senhor Ecce-Homo, sendo esta coeva da fundação da Santa Casa, de tempos imemoriáveis profundamente venerada pelos povos da região e da Galiza.
O historiador frisa que um acórdão de 10 de Fevereiro de 1636, declara que a imagem “já ia na procissão de Quinta-Feira Santa”.
Rosário Carvalho, baseado em dados de Teodoro Afonso da Ponte, refere: “A Misericórdia de Vila Nova de Cerveira adotou, desde cedo, o Compromisso de Lisboa de 1618, pelo qual se regia. Dispunha de Hospital desde 1857, e prestava o habitual auxílio aos mais desfavorecidos que era o fundamento destas instituições, aplicando o dinheiro em encargos pios, festividades, bens de alma dos irmãos falecidos, e reparação dos seus edifícios”.
Entretanto o apoio hospitalar foi-se tornando cada vez mais necessário e premente de envolvência social, que permitindo que Um Homem Bom, Manuel José Lebrão, natural de Sopo e radicado no Brasil, fosse tocado pelo Espírito Santo, e enveredasse, a suas expensas, pela construção de um Hospital de raiz, magnifico edifício, para colmatar as maiores dificuldades assistenciais de saúde que Vila Nova de Cerveira tão carecia.
Atualmente a Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Cerveira, Instituição Centenária, é uma IPSS, que tem as seguintes respostas sociais:
Terceira Idade (Lar de Idosos com 70 utentes, dos quais 80% são dependentes, e destes, 20% estão em situação de doença do foro psicológico);
Creche/Jardim-de-infância (com 65 crianças);
Igreja da Misericórdia (Assistência espiritual).
É a única entidade que no Concelho abraça concomitantemente estas três respostas sociais.
A Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Cerveira, passou por situações de extrema dificuldade financeira, há alguns anos atrás, mas mercê de um verdadeiro esforço de um grupo de Irmãos, foi possível dar uma lufada de algum restabelecimento financeiro.
Os imóveis de duas respostas sociais: (Lar de Idosos e Creche/Jardim de Infância, sofreram um desgaste ao longo de 25 anos, não ficando sujeitos às manutenções e reparações de grande vulto, quanto assim o exigiam.
A Mesa Administradora e demais órgãos sociais comungam a ideia de que os interesses da comunidade Cerveirense e população envolvente ao Concelho, numa actuação em prol da eficaz melhoria das condições de acesso à saúde, se sobrepõem aos demais argumentos.
A Instituição presta um conjunto de serviços comunitários, de foro social. Mas nesta envolvência caritativa, não é menos verdade, a necessidade espiritual, da qual se encontra o refrigério na Igreja da Misericórdia que a todos os irmãos e cristãos o absorvem.
Sistematicamente somos abordados pela população em geral, para quando o restauro da Igreja da Misericórdia, inferindo um esquecimento perpétuo, e que não pode ser esquecido.
Contudo esta Mesa Administradora, tudo tem feito para que os restauros que se impõem sejam uma realidade.
Os Mesários estão convictos e prontos a esgrimir todas as lanças com o intuito de abrilhantar a nossa secular Igreja da Misericórdia, para a contemplação do Senhor Ecce-Homo, na sua mais vertente imagem caritativa, e sofredora para o acompanhamento espiritual de todos os irmãos da Santa e Real Casa da Misericórdia de Vila Nova de Cerveira.